sexta-feira, 15 de maio de 2009

Foram uns dois meses de telefonemas antes da gente se ver. No início eu não dava muita bola, falava com tanta gente que eu conhecia na Internet... era uma brincadeira, tinha curiosidade de saber sobre as pessoas, de ouvir vozes diferentes, compartilhar fetiches. Mas ele foi insistente, ligava quase toda madrugada, dizia aquelas bobagens que mulher adora ouvir... e com aquela voz... ahhhhhhhhh... "aquela" voz. Gravei nossos diálogos várias vezes e ficava ouvindo, ouvindo, ouvindo... até que, finalmente, tudo terminou. Foram cinco anos de telefonemas e um único encontro, explosivo. O corpo dele sobre o meu, a N. Sra. Aparecida chacoalhando na medalhinha e as tatuagens que eu refiz com os dedos pra não esquecer. Uma vez, depois de muito tempo, ele falou desse dia com todos os detalhes, até mesmo os que eu tinha esquecido. Numa tarde de dezembro, sem despedida, ele se foi. Restaram as gravações e uma fitinha do Senhor do Bonfim que ele mandou pelo correio. Confesso que demorou um bocado pra aprender a viver sem aquela voz.


Um comentário: